terça-feira, maio 04, 2010

Presidente popular elege seu sucessor?

- Depende do tipo de governo que ele faça e do tipo de candidato que tenha -

Um esporte favorito da imprensa mercantil é tentar passar como realidade seu desejo de que Lula não seja capaz de transferir sua extraordinária popularidade a Dilma. Primeiro, diziam, Dilma não decolaria. Fracassaram: mais além das manipulações, há um evidente empate técnico nas pesquisas, sem que outro candidato cresça, impondo o caráter plebiscitário da eleição.

Em segundo, se trataria de buscar casos de dificuldade de transferência de votos por presidentes com popularidade. Nesse caso, a ginástica tem que ser bem maior. O Chile sempre foi a referência do Serra e dos tucanos, inclusive porque os governos da Concertação nunca saíram do modelo herdado de Pinochet, a tal ponto que a abertura escancarada da sua economia lhes impede de participar do Mercosul ou de outros projetos de integração regional, como o Banco do Sul, entre outros. Serra pregava o modelo de privatização chilena da Previdência e a precarização laboral advindas ambas do governo de Pinochet, como o modelo que pretende seguir. Esse modelo foi derrotado. A derrota é a de um modelo de referência tucana, incapaz de transferir sua popularidade a um péssimo candidato – o ex-presidente democrata cristão Eduardo Frei.

No caso da Colômbia, se trata do aliado privilegiado dos EUA na região, Alvaro Uribe, representante claro da extrema direita no continente, com dificuldade de eleger o seu sucessor, ex-ministro do governo, supostamente com popularidade, até que foi espetacularmente superado por um candidato opositor.

Uma das tantas viuvinhas do FHC na mídia mercantil faz essas comparações para tentar encher-se de esperança de que Lula não elege seu sucessor. Só que escolhe mal – como sempre – os critérios de comparação. Nenhum desses governantes se assemelha com as orientações do governo brasileiro. Bachelet e Uribe estão muito mais para FHC do que para Lula.

Teria que tomar como critério os governantes que privilegiam a integração regional e as políticas sociais. Nesse caso, a referência obrigatória não são Bachelet ou Uribe, mas Tabaré Vasquez, ex-presidente do Uruguai. Tabaré, como Lula, rompeu com a sequência de governos neoliberais no seu país, integrou o Uruguai nos processos de integração regional, privilegiou as políticas sociais e terminou seu mandato com um extraordinário apoio popular.

O que dizia a direita de lá? Que Tabaré não conseguiria eleger seu sucessor, ainda mais por que a Frente Ampla escolheu um ex-militante clandestino na luta contra a ditadura – um ex-Tupamaro, Pepe Mujica – como candidato à sua sucessão. A inovação radical de um personagem assim, se dizia, impediria dar continuidade ao governo de Tabaré. Por aqui, os corvos - aqueles mesmos que querem enterrar a “farsa” (sic) do Mercosul - torciam pelo retorno da direita.

Mujica ganhou espetacularmente, assumindo que tinha mudado as formas de luta, mas que nunca tinha mudado de campo, seguia fiel ao campo popular. Silêncio total da imprensa tucana nas lições a tirar, porque não favorecem as abordagens viciadas dos militantes dos partidos da imprensa (não são mais jornalistas, porque a partir do momento em que a executiva da Força Serra Presidente disse que são partidos de oposição, passaram todos a ser militantes desse partido e não mais jornalistas profissionais). Poderiam fazer comparações de Tabaré com Lula, de Mujica com Dilma, da direita derrotada na sua tentativa de retornar ao poder com o bloco tucano-demista. Mas, quando a realidade contradiz os desejos das viuvinhas, melhor recolher-se no silêncio contrito do desespero serrista.

Mas essa é a grande comparação. Tabaré elegeu Mujica, como Lula pode eleger Dilma. Depende do tipo de governo que foi feito. FHC não elegeu Serra, pelo governo que fez e pelo candidato que escolheu. Tabaré elegeu seu sucessor, pelo governo que fez e pelo candidato que foi escolhido pela Frente Ampla. Lula pode eleger seu sucessor, pelo governo que fez e pela candidata escolhida para sucedê-lo – Dilma.

Sei que é duro comparar a realidade com os sonhos desvairados de retorno tucano e das viuvinhas que telefonavam todo dia para o Planalto para falar com o presidente. Mas a realidade é implacável com as avaliações equivocadas. Deveriam, os corvos, tirar lições dos seus desvairados projetos de derrubar Lula em 2005, para que não recebam a realidade de volta como bumerangue a chocar contra suas cabeças deformadas pelas lentes elitistas com que tentam enxergar o mundo.

Postado por Emir Sader no  Blog do Emir

sábado, março 13, 2010

Denuncia de conluio entre grupos de mídia, PSDB e DEM

O líder do PT na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE), denunciou na noite de ontem (10), na Câmara dos Deputados, a existência de um conluio entre setores da mídia e da oposição para tentar atingir o PT e a candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República.

Ele observou que a oposição, na falta de um projeto para o país, tem feito uso da mídia para difundir falsas notícias visando a se fortalecer no processo eleitoral. A última tacada da oposição ocorreu nesta quarta-feira, com envio de um pedido à Procuradoria Geral da República de investigação sobre o suposto envolvimento da ministra Dilma e do ex-ministro José Dirceu no caso Telebrás, com base em notícia de jornal já desmentida pelo governo.

Segundo Ferro, a oposição encabeçada pelo PSDB, DEM (ex-PFL) e PPS precisa mostrar ao povo brasileiro o que defende como alternativa ao bem-sucedido projeto que vem sendo executado pelo presidente Lula desde 2003. "A oposição precisa de um eixo para esse enfrentamento, dizer o que quer para o Brasil", comentou. O líder acrescentou que a oposição não informa o que defende para a população pobre, a economia e a política externa, três eixos centrais do governo do PT e aliados.

Escalada

A iniciativa tomada hoje contra a ministra Dilma insere-se, na opinião de Ferro, na escalada de acusações sem fundamento que setores da mídia têm feito contra o PT nas últimas semanas. A palavra de ordem foi dada pelo Instituto Millenium, integrado pelos barões da mídia e que decidiu, no dia 1º, orientar as empresas que o integram a direcionar suas baterias contra o PT, em favor de um candidato da oposição.

"Não aceitamos essa liberdade das empresas que querem nos submeter às suas visões ideológicas e de mercado. Querem nos destruir, mas não aceitamos", disse Ferro. Ele lembrou que o "festival de acusações" agora é alimentado por "algumas figuras do Ministério Público. "A grosseria e a profusão de acusações contra o partido revelam claramente uma postura autoritária e golpista de certas áreas da nossa mídia que não suportam ser governadas pelo presidente Lula".

Ferro disse que a revista Veja, por exemplo, transformou-se em "panfleto reacionário, conservador e golpista, que tenta, a todo custo, interferir no processo eleitoral e conduzir o comitê eleitoral de campanha da oposição". A revista, juntamente com o jornal o Estado de S. Paulo, vai ser processada pelo PT por publicar mentiras contra o partido.

O líder petista observou que o PT saberá enfrentar os ataques da mídia e da oposição, como o fez em 2005. Naquele ano, recordou Ferro, "tentaram golpear o presidente Lula" e um dirigente do DEM chegou a dizer que "essa raça ia ser extinta", numa alusão racista ao PT e à esquerda brasileira. "E estamos aí, governando o Brasil com 80% de aprovação, sendo reconhecidos em todas as partes do mundo como um grande Governo".

Mídia internacional

Ferro assinalou também a diferença de postura entre a mídia internacional e a brasileira, que tratam o Brasil com enfoque tão distinto que aparenta tratar-se de dois países diferentes. Ele reparou que a imprensa internacional elogia o governo Lula, reconhece sua ação, simultaneamente à manifestação de diplomatas estrangeiros que reconhecem que, hoje, não há fórum internacional sem o Brasil participar, dada a projeção alcançada pelo Brasil nos últimos sete anos. Por outro lado, internamente, a mídia brasileira tenta desconstruir o governo do PT e aliados de forma "desesperada".

"Sabemos que esta é uma ação política que tem um lastro ideológico, um lastro eleitoral evidente", disse o líder. "Esse segmento que desconhece que o PT cresceu com a democracia não quer respeitar um partido que se consolidou, tem inserção social". Ele disse que "todos os filiados do PT e seus quadros políticos têm autoridade e a história do seu lado, estão neste país porque fizeram e fazem parte de uma construção democrática, da luta social e política. Rejeitamos essa política de transformar manchete de jornal em processo de disputa eleitoral. Isso é falta de projeto."


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sábado, janeiro 30, 2010

Descoberta vala com 2 mil corpos na Colômbia


No pequeno povoado de Macarena, 200 quilômetros ao sul de Bogotá, uma das zonas mais quentes do conflito colombiano, foi descoberta a maior fossa comum de cadáveres da história recente da América Latina. Segundo as primeiras estimativas, o número de corpos enterrados sem identificação pode chegar a 2 mil. Segundo relato de moradores, desde 2005, o exército colombiano teria depositado ali centenas de cadáveres sem identificação. Seria o maior sepultamento de vítimas de um conflito de que se tem notícia no continente. O jurista Jairo Ramírez, secretário do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia, acompanhou uma delegação de parlamentares espanhóis ao local há algumas semanas, quando se começou a descobrir a magnitude da vala de Macarena.

A delegação foi composta pelos deputados Jordi Pedret (PSOE), Inês Sabanés (IU), Francesc Canet (ERC), Joan-Josep Nuet (IC-EU), Carles Campuzano (CiU), Mikel Basabe (Aralar) e Marian Suárez (Eivissa pel Canví). “O que vimos foi arrepiante”, declarou Ramírez ao jornal Público. “Uma infinidade de corpos e na superfície centenas de placas de madeira de cor branca com a inscrição NN (sem identificação) e com datas de 2005 até hoje”. E acrescentou: “O comandante do Exército nos disse que eram guerrilheiros mortos em combate, mas o povo da região nos falou de muitos líderes sociais, camponeses e comunitários que desapareceram sem deixar rastro”. O governo anunciou investigações “a partir de março”, depois das eleições legislativas e presidenciais.

A descoberta em Macarena atualizou um dado macabro na história recente da Colômbia. Calcula-se que há mais de mil fossas comuns com cadáveres sem identificação no país. Até o final de 2009, foram descobertos cerca de 2.500 cadáveres, sendo que destes apenas 600 foram identificados e entregues aos seus familiares. A localização destes cemitérios clandestinos foi possível graças a relatos de integrantes de grupos paramilitares de extrema direita, beneficiados pela polêmica Lei de Justiça e Paz que lhes atribuiu uma pena simbólica em troca da confissão de seus crimes. Um deles, John Jairo Rentería, admitiu que ele e seus homens enterraram pelo menos 800 pessoas. “Era preciso desmembrar essa gente. Todos (nos grupos paramilitares) tinham que aprender isso e muitas vezes isso era feito com as pessoas ainda vivas”, confessou.

Segundo um dos colunistas mais influentes da Colômbia, o sociólogo e escritor Alfredo Molano, o governo Uribe não tem nenhum interesse em investigar o tema das valas comuns. Molano cruzou o país pesquisando e escrevendo sobre a violência, o que lhe custou muitas ameaças de militares e grupos paramilitares e, por fim, o exílio. “Há cemitérios clandestinos enormes na Colômbia. Também é possível que tenham feito desaparecer muitos restos como nos fornos crematórios dos nazistas”, relata. Ainda segundo Molano, muitos civis foram assassinados por militares e paramilitares e apresentados como “guerrilheiros mortos em combate”. Foram enterrados clandestinamente pelo exército. Boa parte deles em valas comuns como a descoberta agora em Macarena.

As informações são do jornal Público, da Espanha.
Leia mais no Marco Weissheimer

segunda-feira, janeiro 18, 2010

O melô do BBB

Por Rivaldo, de Salvador


BIG BROTHER BRASIL, UM PROGRAMA IMBECIL



Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara-BA,


residente em Salvador.


Curtir o Pedro Bial

E sentir tanta alegria

É sinal de que você

O mau-gosto aprecia

Dá valor ao que é banal

É preguiçoso mental

E adora baixaria.



Há muito tempo não vejo

Um programa tão ‘fuleiro’

Produzido pela Globo

Visando Ibope e dinheiro

Que além de alienar

Vai por certo atrofiar

A mente do brasileiro.



Me refiro ao brasileiro

Que está em formação

E precisa evoluir

Através da Educação

Mas se torna um refém

Iletrado, ‘zé-ninguém’

Um escravo da ilusão.



Em frente à televisão

Lá está toda a família

Longe da realidade

Onde a bobagem fervilha

Não sabendo essa gente

Desprovida e inocente

Desta enorme ‘armadilha’.



Cuidado, Pedro Bial

Chega de esculhambação

Respeite o trabalhador

Dessa sofrida Nação

Deixe de chamar de heróis

Essas girls e esses boys

Que têm cara de bundão.



O seu pai e a sua mãe,

Querido Pedro Bial,

São verdadeiros heróis

E merecem nosso aval

Pois tiveram que lutar

Pra manter e te educar

Com esforço especial.



Muitos já se sentem mal

Com seu discurso vazio
Pessoas inteligentes

Se enchem de calafrio

Porque quando você fala

A sua palavra é bala

A ferir o nosso brio.



Um país como Brasil

Carente de educação

Precisa de gente grande

Para dar boa lição

Mas você na rede Globo

Faz esse papel de bobo

Enganando a Nação.



Respeite, Pedro Bienal

Nosso povo brasileiro

Que acorda de madrugada

E trabalha o dia inteiro

Dar muito duro, anda rouco

Paga impostos, ganha pouco:

Povo HERÓI, povo guerreiro.



Enquanto a sociedade

Neste momento atual

Se preocupa com a crise

Econômica e social

Você precisa entender

Que queremos aprender

Algo sério – não banal.



Esse programa da Globo

Vem nos mostrar sem engano

Que tudo que ali ocorre

Parece um zoológico humano

Onde impera a esperteza

A malandragem, a baixeza:

Um cenário sub-humano.



A moral e a inteligência

Não são mais valorizadas.

Os “heróis” protagonizam

Um mundo de palhaçadas

Sem critério e sem ética

Em que vaidade e estética

São muito mais que louvadas.



Não se vê força poética

Nem projeto educativo.

Um mar de vulgaridade

Já tornou-se imperativo.

O que se vê realmente

É um programa deprimente

Sem nenhum objetivo.



Talvez haja objetivo

“professor”, Pedro Bial

O que vocês tão querendo

É injetar o banal

Deseducando o Brasil

Nesse Big Brother vil

De lavagem cerebral.



Isso é um desserviço

Mal exemplo à juventude

Que precisa de esperança

Educação e atitude

Porém a mediocridade

Unida à banalidade

Faz com que ninguém estude.



É grande o constrangimento

De pessoas confinadas

Num espaço luxuoso

Curtindo todas baladas:

Corpos “belos” na piscina

A gastar adrenalina:

Nesse mar de palhaçadas.



Se a intenção da Globo

É de nos “emburrecer”

Deixando o povo demente

Refém do seu poder:

Pois saiba que a exceção

(Amantes da educação)

Vai contestar a valer.



A você, Pedro Bial

Um mercador da ilusão

Junto a poderosa Globo

Que conduz nossa Nação

Eu lhe peço esse favor:

Reflita no seu labor

E escute seu coração.



E vocês caros irmãos

Que estão nessa cegueira

Não façam mais ligações

Apoiando essa besteira.

Não deem sua grana à Globo

Isso é papel de bobo:

Fujam dessa baboseira.



E quando chegar ao fim

Desse Big Brother vil

Que em nada contribui

Para o povo varonil

Ninguém vai sentir saudade:

Quem lucra é a sociedade

Do nosso querido Brasil.



E saiba, caro leitor

Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso

Esses milhões desejados

Que são ligações diárias

Bastante desnecessárias

Pra esses desocupados.



A loja do BBB

Vendendo só porcaria

Enganando muita gente

Que logo se contagia

Com tanta futilidade

Um mar de vulgaridade

Que nunca terá valia.



Chega de vulgaridade

E apelo sexual.

Não somos só futebol,

baixaria e carnaval.

Queremos Educação

E também evolução

No mundo espiritual.



Cadê a cidadania

Dos nossos educadores

Dos alunos, dos políticos

Poetas, trabalhadores?

Seremos sempre enganados

e vamos ficar calados

diante de enganadores?



Barreto termina assim

Alertando ao Bial:

Reveja logo esse equívoco

Reaja à força do mal…

Eleve o seu coração

Tomando uma decisão

Ou então: siga, animal…


FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2010.

* * *

Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.

É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.

terça-feira, janeiro 12, 2010

PSBETO


O deputado Beto Albuquerque (PSB), que se auto-apresenta como terceira via para a eleição de 2010 ao governo do Estado, declarou dias atrás que o momento na política gaúcha é vergonhoso por conta do assédio do PMDB e do PT ao PDT. “Virou leilão”, reclamou o parlamentar. Mas, afinal, o que pode haver de errado em o PT tentar recompor uma aliança com um partido que, como ele, construiu-se à esquerda. E que, inclusive, já foi seu parceiro de governo? E que mal há em o PMDB querer manter um aliado que o levou à Prefeitura de Porto Alegre? E será mesmo falta de vergonha do PDT tentar vincular o apoio de agora à eleição municipal de 2012?


É curioso que Beto Albuquerque considere estes movimentos vergonhosos mas não tenha dito uma palavra sequer sobre o fato de os dois deputados estaduais de seu partido, Miki Breier e Heitor Schuch, estarem entre os que apoiaram a indicação de Marco Peixoto (PP) para o Tribunal de Contas do Estado. Sim, Miki e Schuch assinaram a indicação o que, certamente, não lhes deixou confortáveis, afinal, já sabiam da suspeita de envolvimento de Peixoto com a máfia do Detran. E deve ter sido difícil explicar aos eleitores socialistas porque é que mantiveram a indicação de Peixoto para o Tribunal de Contas mesmo depois de assistir à sabatina em que ele não soube responder sequer quais eram os princípios básicos da administração pública. Pior ainda deve ter sido encontrar uma justificativa razoável para a manutenção da indicação depois de a imprensa ter revelado que Peixoto mantinha sócios-laranja numa empresa.

De todo modo, tanto Miki quanto Schuch já vinham mantendo uma certa distância das ações do bloco de oposição na Assembleia Legislativa. Foi assim, por exemplo, na CPI da Corrupção que eles praticamente ignoraram. E foi assim, também, no esdrúxulo episódio em que o PSDB representou contra o deputado Raul Pont (PT) à Comissão de Ética por uma suposta agressão à deputada Zila Breitenbach. Miki Breier, o corregedor da Comissão de Ética, aceitou a presepada.

Nada disso, contudo, mereceu qualquer crítica do deputado Beto. Ao contrário, tudo leva a crer que tenham sido movimentos devidamente combinados com o deputado federal. Ele sabe que sua candidatura majoritária só terá alguma chance de decolar se contar com o apoio de algum partido que disponha de boa estrutura no interior do Estado. Que nome dar a isso, então? Leilão?

Como o PT e o PMDB já se definiram em torno dos nomes de Tarso e Fogaça, só uma aliança com o PP pode salvar o sonho de Beto de chegar ao Piratini. Daí que apoiar Peixoto e distanciar-se da oposição a um governo corrupto pode não ser exatamente o que se espera de um partido com a história do PSB, mas serve perfeitamente aos interesses imediatos de Beto Albuquerque. Não é à toa que a sigla, nos meios políticos, seja conhecida como o “Partido Só do Beto”.

O PREÇO DO APOIO - De sua parte, o PP costuma cobrar caro por seus apoios eleitorais. Veja-se o caso de José Otávio Germano que para apoiar Yeda Crusius, teria exigido o direito de continuar dando as cartas no Detran. Tanto que, na presidência da autarquia, botou seu fiel escudeiro, Flávio Vaz Netto. Estaria Beto Albuquerque disposto, por exemplo, a entregar o Detran para o PP caso se tornasse governador do Estado? Pelo andar da carroça, Beto parece disposto a pagar qualquer preço. Até mesmo cair na armadilha de se tornar alvo da própria crítica. Porque se é verdade que as conversas entre PT, PDT e PMDB carecem de conteúdo programático, uma aliança PSB/PP seria imbatível no quesito conveniência eleitoral.

O certo é que diante do pragmatismo que marca as decisões das cúpulas dos grandes partidos e das pesquisas que insistem em mostrar que a disputa de 2010 será mesmo entre Tarso Genro e José Fogaça, a tal terceira via com Beto vem fazendo mais água dos que as chuvas do verão. Isto porque embora mantenham o flerte com o PSB, os progressistas não dão sinais de que desejem sair tão cedo do colo de Yeda Crusius. Além do mais, apoiar Beto seria uma aventura e tanto, afinal, eles estiveram em postos-chave dos governos de Britto e Rigotto e o PSB, naqueles períodos, fazia oposição. É de considerar, ainda, que com os reveses que sofreu nos últimos tempos por conta de ver seus quadros envolvidos em enormes escândalos, o PP vai pensar muito antes de arriscar uma diminuição de suas bancadas em nome de uma candidatura com poucas chances como a de Beto que, ao menos até agora, não encontrou sua identidade.

O mote da “pacificação do Estado” insinuado por Beto nas campanhas de tv do PSB confunde-se com o estilo adotado por Germano Rigotto em 2002 e todo mundo já sabe que aquela conversa fiada resultou num governo que, quando disputou a reeleição, ficou fora até mesmo do segundo turno.
A outra tese que permeia as falas de Beto é a de que os gaúchos estariam cansados da disputa entre PMDB e PT. Os números de Tarso e Fogaça nas pesquisas, contudo, se não servem para refutar de vez esta hipótese, ao menos mostram que ela está longe de ser comprovada. Restaria ao PSB, então, enveredar para o apelo ético já que nenhum de seus quadros teria envolvimento com os recentes escândalos da política gaúcha. A aliança com o PP, entretando, de saída acaba com este discurso.

Assim, se insistir na candidatura majoritária, Beto que sempre foi o puxador de votos do PSB, corre o risco de ficar sem mandato e reduzir ainda mais os espaços de seu partido. E este pode ser um preço alto demais para uma sigla que ainda merece respeito.

Em tempo: este post foi escrito antes da foto que Zero Hora publica na edição de hoje em que um alegre Beto Albuquerque aparece num convescote na casa de praia do ex-ministro de FHC, Francisco Turra, ao lado, entre outros, do indefectível José Otávio Germano. (Maneco)

texto publicado no RS Urgente

sábado, janeiro 13, 2007

Cláudio Coronel
Nos últimos dias temos lido e ouvido, varias especulações a respeito do vereador Cláudio Coronel. Quero fazer um parêntese nesta historia, vale lembrar que o vereador Coronel era um dos poucos que se candidato fosse, teria reais chances de se eleger deputado na ultima eleição. Em que pese opiniões contraria, no meu entendimento o vereador extrapolou a disputa por vaga no legislativo ou por ser o vereador mais votado, se tiver coragem pode sim disputar a prefeitura, ta com o discurso pronto. Só não está mais na vitrine ou não se candidatou deputado por uma simples questão: O casal presidente do PSB local não permitiu, não é do perfil do casal admitir que alguém no partido tenha mais visibilidade que eles, ponto.
Aumento vetado
Sem entrar no mérito do estado máximo e do estado mínimo, o veto da governadora ao aumento dos servidores do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunal de contas, aponta justamente para o enxugamento da maquina do estado ou da redução de salários. O estado gasta 73 % da receita corrente líquida com folha de pagamento, neste ritmo jamais conseguira cumprir com os repasses constitucionais para os municípios, o que configura como efeito cascata, vide a dívida que o governo do estado tem com Livramento, seja na questão da saúde que repassou apenas 5% dos 12% devido, seja na questão do transporte escolar que também endivida os municípios. Não existe mágica tem que ser austero e diminuir gastos.
Nós empresários ricos e falidos
É isso mesmo amigo leitor eu, você e todos demais brasileiros somos grandes empresários e patrocinadores de uma gigantesca empresa que se chama máquina pública. Temos centenas, milhares de funcionários, ou seja, Presidente da República, 514 Deputados Federais, 81 Senadores, 27 Governadores, milhares de Deputados Estaduais e Vereadores, mais de 5000 Prefeitos e milhões de funcionários públicos, federais, estaduais e municipais, bancos, petrolíferas, centenas de autarquias, empresas públicas, mas mesmo assim estamos falidos. Esta introdução é somente para dar uma idéia do que nós contribuintes mantemos através de uma infinidade de impostos e taxas que pagamos cotidianamente. Entretanto, vamos nos deter no que está mais próximo de nós: o município de Livramento. Quanto custa a administração municipal? A previsão orçamentária para este ano é de R$63 milhões, deste total, 52% (R$33 milhões) será gasto com folha de pagamento, por força de lei 25%(R$15,7milhões) tem que ser investido em educação, 15%(R$9,5 milhões) com saúde e 8% (R$5 milhões) do orçamento vai para 10 vereadores que é o repasse à câmara de vereadores. O que sobrou para investimentos? Zero. De duas uma, ou se paga o funcionalismo ou se deixa de investir em saúde e educação, ou vice versa, ou temos definitivamente que rever estes índices. Portanto meus amigos, ano que vem tem eleição para prefeito e vereadores, e com certeza surgirão os discursos milagrosos, dos salvadores da pátria, redentores do sofrimento dos menos abonados da sorte. Assim tem sido sucessivamente.
Declaração desastrada
O novo secretário da Fazenda, Irani Cobas, assumiu a secretaria a pouco mais de um mês, profissional competente, veio para por ordem no caos financeiro e orçamentário da prefeitura. Na sua chegada disse que faria uma economia de guerra e queria aproximação do Executivo com a câmara de vereadores, e de fato tentou. Entretanto o secretario não é político, não entende de articulação ele é um economista experiente, é um técnico. Prova disso foi à declaração que deu numa emissora de radio e que virou manchete de jornal. “Funcionários concursados poderão ser demitidos”. Todos sabem que não podem, salvo que estejam em estagio probatório, mas bastou isso para botar fogo no circo. Tudo que a oposição queria e mais uma dificuldade na relação câmara-prefeitura. Esta administração não acerta uma. Que fase.
Chantagem
A vereadora Marilu Suarez denunciou na tribuna da câmara que foi chantageada pelo Prefeito Wainer Machado para que votasse contra a instauração da comissão processante. Segundo a vereadora a chantagem se baseia em um suposto documento assinado por ela em 2001, quando era adjunta da secretaria de saúde. A denuncia é grave, imoral e precisa ser investigada também.
Não entendi
Na sessão extraordinária da câmara de vereadores que aprovou a instauração da comissão processante contra o Prefeito Wainer, ninguém entendeu a postura do vereador Delco Suarez. O referido parlamentar votou contra o pedido de destaque, que retiraria do relatório o pedido de abertura de processo contra o prefeito por improbidade administrativa, entretanto, depois votou contra todo o relatório. Ou não sabia o que estava votando ou queria ficar bem com todos. Ô Raça.
Nota 10 – Para a postura e coragem do secretario da fazenda Irani Cobas que disse o que todo político gostaria de dizer e não tem coragem.
-Para o novo sistema de iluminação publica na cidade.
Nota 0 – Para a suposta chantagem contra a vereadora Marilu Suarez.