sábado, janeiro 30, 2010
Descoberta vala com 2 mil corpos na Colômbia
No pequeno povoado de Macarena, 200 quilômetros ao sul de Bogotá, uma das zonas mais quentes do conflito colombiano, foi descoberta a maior fossa comum de cadáveres da história recente da América Latina. Segundo as primeiras estimativas, o número de corpos enterrados sem identificação pode chegar a 2 mil. Segundo relato de moradores, desde 2005, o exército colombiano teria depositado ali centenas de cadáveres sem identificação. Seria o maior sepultamento de vítimas de um conflito de que se tem notícia no continente. O jurista Jairo Ramírez, secretário do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia, acompanhou uma delegação de parlamentares espanhóis ao local há algumas semanas, quando se começou a descobrir a magnitude da vala de Macarena.
A delegação foi composta pelos deputados Jordi Pedret (PSOE), Inês Sabanés (IU), Francesc Canet (ERC), Joan-Josep Nuet (IC-EU), Carles Campuzano (CiU), Mikel Basabe (Aralar) e Marian Suárez (Eivissa pel Canví). “O que vimos foi arrepiante”, declarou Ramírez ao jornal Público. “Uma infinidade de corpos e na superfície centenas de placas de madeira de cor branca com a inscrição NN (sem identificação) e com datas de 2005 até hoje”. E acrescentou: “O comandante do Exército nos disse que eram guerrilheiros mortos em combate, mas o povo da região nos falou de muitos líderes sociais, camponeses e comunitários que desapareceram sem deixar rastro”. O governo anunciou investigações “a partir de março”, depois das eleições legislativas e presidenciais.
A descoberta em Macarena atualizou um dado macabro na história recente da Colômbia. Calcula-se que há mais de mil fossas comuns com cadáveres sem identificação no país. Até o final de 2009, foram descobertos cerca de 2.500 cadáveres, sendo que destes apenas 600 foram identificados e entregues aos seus familiares. A localização destes cemitérios clandestinos foi possível graças a relatos de integrantes de grupos paramilitares de extrema direita, beneficiados pela polêmica Lei de Justiça e Paz que lhes atribuiu uma pena simbólica em troca da confissão de seus crimes. Um deles, John Jairo Rentería, admitiu que ele e seus homens enterraram pelo menos 800 pessoas. “Era preciso desmembrar essa gente. Todos (nos grupos paramilitares) tinham que aprender isso e muitas vezes isso era feito com as pessoas ainda vivas”, confessou.
Segundo um dos colunistas mais influentes da Colômbia, o sociólogo e escritor Alfredo Molano, o governo Uribe não tem nenhum interesse em investigar o tema das valas comuns. Molano cruzou o país pesquisando e escrevendo sobre a violência, o que lhe custou muitas ameaças de militares e grupos paramilitares e, por fim, o exílio. “Há cemitérios clandestinos enormes na Colômbia. Também é possível que tenham feito desaparecer muitos restos como nos fornos crematórios dos nazistas”, relata. Ainda segundo Molano, muitos civis foram assassinados por militares e paramilitares e apresentados como “guerrilheiros mortos em combate”. Foram enterrados clandestinamente pelo exército. Boa parte deles em valas comuns como a descoberta agora em Macarena.
As informações são do jornal Público, da Espanha.
Leia mais no Marco Weissheimer
segunda-feira, janeiro 18, 2010
O melô do BBB
Por Rivaldo, de Salvador
BIG BROTHER BRASIL, UM PROGRAMA IMBECIL
Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
BIG BROTHER BRASIL, UM PROGRAMA IMBECIL
Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
terça-feira, janeiro 12, 2010
PSBETO
O deputado Beto Albuquerque (PSB), que se auto-apresenta como terceira via para a eleição de 2010 ao governo do Estado, declarou dias atrás que o momento na política gaúcha é vergonhoso por conta do assédio do PMDB e do PT ao PDT. “Virou leilão”, reclamou o parlamentar. Mas, afinal, o que pode haver de errado em o PT tentar recompor uma aliança com um partido que, como ele, construiu-se à esquerda. E que, inclusive, já foi seu parceiro de governo? E que mal há em o PMDB querer manter um aliado que o levou à Prefeitura de Porto Alegre? E será mesmo falta de vergonha do PDT tentar vincular o apoio de agora à eleição municipal de 2012?
É curioso que Beto Albuquerque considere estes movimentos vergonhosos mas não tenha dito uma palavra sequer sobre o fato de os dois deputados estaduais de seu partido, Miki Breier e Heitor Schuch, estarem entre os que apoiaram a indicação de Marco Peixoto (PP) para o Tribunal de Contas do Estado. Sim, Miki e Schuch assinaram a indicação o que, certamente, não lhes deixou confortáveis, afinal, já sabiam da suspeita de envolvimento de Peixoto com a máfia do Detran. E deve ter sido difícil explicar aos eleitores socialistas porque é que mantiveram a indicação de Peixoto para o Tribunal de Contas mesmo depois de assistir à sabatina em que ele não soube responder sequer quais eram os princípios básicos da administração pública. Pior ainda deve ter sido encontrar uma justificativa razoável para a manutenção da indicação depois de a imprensa ter revelado que Peixoto mantinha sócios-laranja numa empresa.
De todo modo, tanto Miki quanto Schuch já vinham mantendo uma certa distância das ações do bloco de oposição na Assembleia Legislativa. Foi assim, por exemplo, na CPI da Corrupção que eles praticamente ignoraram. E foi assim, também, no esdrúxulo episódio em que o PSDB representou contra o deputado Raul Pont (PT) à Comissão de Ética por uma suposta agressão à deputada Zila Breitenbach. Miki Breier, o corregedor da Comissão de Ética, aceitou a presepada.
Nada disso, contudo, mereceu qualquer crítica do deputado Beto. Ao contrário, tudo leva a crer que tenham sido movimentos devidamente combinados com o deputado federal. Ele sabe que sua candidatura majoritária só terá alguma chance de decolar se contar com o apoio de algum partido que disponha de boa estrutura no interior do Estado. Que nome dar a isso, então? Leilão?
Como o PT e o PMDB já se definiram em torno dos nomes de Tarso e Fogaça, só uma aliança com o PP pode salvar o sonho de Beto de chegar ao Piratini. Daí que apoiar Peixoto e distanciar-se da oposição a um governo corrupto pode não ser exatamente o que se espera de um partido com a história do PSB, mas serve perfeitamente aos interesses imediatos de Beto Albuquerque. Não é à toa que a sigla, nos meios políticos, seja conhecida como o “Partido Só do Beto”.
O PREÇO DO APOIO - De sua parte, o PP costuma cobrar caro por seus apoios eleitorais. Veja-se o caso de José Otávio Germano que para apoiar Yeda Crusius, teria exigido o direito de continuar dando as cartas no Detran. Tanto que, na presidência da autarquia, botou seu fiel escudeiro, Flávio Vaz Netto. Estaria Beto Albuquerque disposto, por exemplo, a entregar o Detran para o PP caso se tornasse governador do Estado? Pelo andar da carroça, Beto parece disposto a pagar qualquer preço. Até mesmo cair na armadilha de se tornar alvo da própria crítica. Porque se é verdade que as conversas entre PT, PDT e PMDB carecem de conteúdo programático, uma aliança PSB/PP seria imbatível no quesito conveniência eleitoral.
O certo é que diante do pragmatismo que marca as decisões das cúpulas dos grandes partidos e das pesquisas que insistem em mostrar que a disputa de 2010 será mesmo entre Tarso Genro e José Fogaça, a tal terceira via com Beto vem fazendo mais água dos que as chuvas do verão. Isto porque embora mantenham o flerte com o PSB, os progressistas não dão sinais de que desejem sair tão cedo do colo de Yeda Crusius. Além do mais, apoiar Beto seria uma aventura e tanto, afinal, eles estiveram em postos-chave dos governos de Britto e Rigotto e o PSB, naqueles períodos, fazia oposição. É de considerar, ainda, que com os reveses que sofreu nos últimos tempos por conta de ver seus quadros envolvidos em enormes escândalos, o PP vai pensar muito antes de arriscar uma diminuição de suas bancadas em nome de uma candidatura com poucas chances como a de Beto que, ao menos até agora, não encontrou sua identidade.
O mote da “pacificação do Estado” insinuado por Beto nas campanhas de tv do PSB confunde-se com o estilo adotado por Germano Rigotto em 2002 e todo mundo já sabe que aquela conversa fiada resultou num governo que, quando disputou a reeleição, ficou fora até mesmo do segundo turno.
A outra tese que permeia as falas de Beto é a de que os gaúchos estariam cansados da disputa entre PMDB e PT. Os números de Tarso e Fogaça nas pesquisas, contudo, se não servem para refutar de vez esta hipótese, ao menos mostram que ela está longe de ser comprovada. Restaria ao PSB, então, enveredar para o apelo ético já que nenhum de seus quadros teria envolvimento com os recentes escândalos da política gaúcha. A aliança com o PP, entretando, de saída acaba com este discurso.
Assim, se insistir na candidatura majoritária, Beto que sempre foi o puxador de votos do PSB, corre o risco de ficar sem mandato e reduzir ainda mais os espaços de seu partido. E este pode ser um preço alto demais para uma sigla que ainda merece respeito.
Em tempo: este post foi escrito antes da foto que Zero Hora publica na edição de hoje em que um alegre Beto Albuquerque aparece num convescote na casa de praia do ex-ministro de FHC, Francisco Turra, ao lado, entre outros, do indefectível José Otávio Germano. (Maneco)
texto publicado no RS Urgente
É curioso que Beto Albuquerque considere estes movimentos vergonhosos mas não tenha dito uma palavra sequer sobre o fato de os dois deputados estaduais de seu partido, Miki Breier e Heitor Schuch, estarem entre os que apoiaram a indicação de Marco Peixoto (PP) para o Tribunal de Contas do Estado. Sim, Miki e Schuch assinaram a indicação o que, certamente, não lhes deixou confortáveis, afinal, já sabiam da suspeita de envolvimento de Peixoto com a máfia do Detran. E deve ter sido difícil explicar aos eleitores socialistas porque é que mantiveram a indicação de Peixoto para o Tribunal de Contas mesmo depois de assistir à sabatina em que ele não soube responder sequer quais eram os princípios básicos da administração pública. Pior ainda deve ter sido encontrar uma justificativa razoável para a manutenção da indicação depois de a imprensa ter revelado que Peixoto mantinha sócios-laranja numa empresa.
De todo modo, tanto Miki quanto Schuch já vinham mantendo uma certa distância das ações do bloco de oposição na Assembleia Legislativa. Foi assim, por exemplo, na CPI da Corrupção que eles praticamente ignoraram. E foi assim, também, no esdrúxulo episódio em que o PSDB representou contra o deputado Raul Pont (PT) à Comissão de Ética por uma suposta agressão à deputada Zila Breitenbach. Miki Breier, o corregedor da Comissão de Ética, aceitou a presepada.
Nada disso, contudo, mereceu qualquer crítica do deputado Beto. Ao contrário, tudo leva a crer que tenham sido movimentos devidamente combinados com o deputado federal. Ele sabe que sua candidatura majoritária só terá alguma chance de decolar se contar com o apoio de algum partido que disponha de boa estrutura no interior do Estado. Que nome dar a isso, então? Leilão?
Como o PT e o PMDB já se definiram em torno dos nomes de Tarso e Fogaça, só uma aliança com o PP pode salvar o sonho de Beto de chegar ao Piratini. Daí que apoiar Peixoto e distanciar-se da oposição a um governo corrupto pode não ser exatamente o que se espera de um partido com a história do PSB, mas serve perfeitamente aos interesses imediatos de Beto Albuquerque. Não é à toa que a sigla, nos meios políticos, seja conhecida como o “Partido Só do Beto”.
O PREÇO DO APOIO - De sua parte, o PP costuma cobrar caro por seus apoios eleitorais. Veja-se o caso de José Otávio Germano que para apoiar Yeda Crusius, teria exigido o direito de continuar dando as cartas no Detran. Tanto que, na presidência da autarquia, botou seu fiel escudeiro, Flávio Vaz Netto. Estaria Beto Albuquerque disposto, por exemplo, a entregar o Detran para o PP caso se tornasse governador do Estado? Pelo andar da carroça, Beto parece disposto a pagar qualquer preço. Até mesmo cair na armadilha de se tornar alvo da própria crítica. Porque se é verdade que as conversas entre PT, PDT e PMDB carecem de conteúdo programático, uma aliança PSB/PP seria imbatível no quesito conveniência eleitoral.
O certo é que diante do pragmatismo que marca as decisões das cúpulas dos grandes partidos e das pesquisas que insistem em mostrar que a disputa de 2010 será mesmo entre Tarso Genro e José Fogaça, a tal terceira via com Beto vem fazendo mais água dos que as chuvas do verão. Isto porque embora mantenham o flerte com o PSB, os progressistas não dão sinais de que desejem sair tão cedo do colo de Yeda Crusius. Além do mais, apoiar Beto seria uma aventura e tanto, afinal, eles estiveram em postos-chave dos governos de Britto e Rigotto e o PSB, naqueles períodos, fazia oposição. É de considerar, ainda, que com os reveses que sofreu nos últimos tempos por conta de ver seus quadros envolvidos em enormes escândalos, o PP vai pensar muito antes de arriscar uma diminuição de suas bancadas em nome de uma candidatura com poucas chances como a de Beto que, ao menos até agora, não encontrou sua identidade.
O mote da “pacificação do Estado” insinuado por Beto nas campanhas de tv do PSB confunde-se com o estilo adotado por Germano Rigotto em 2002 e todo mundo já sabe que aquela conversa fiada resultou num governo que, quando disputou a reeleição, ficou fora até mesmo do segundo turno.
A outra tese que permeia as falas de Beto é a de que os gaúchos estariam cansados da disputa entre PMDB e PT. Os números de Tarso e Fogaça nas pesquisas, contudo, se não servem para refutar de vez esta hipótese, ao menos mostram que ela está longe de ser comprovada. Restaria ao PSB, então, enveredar para o apelo ético já que nenhum de seus quadros teria envolvimento com os recentes escândalos da política gaúcha. A aliança com o PP, entretando, de saída acaba com este discurso.
Assim, se insistir na candidatura majoritária, Beto que sempre foi o puxador de votos do PSB, corre o risco de ficar sem mandato e reduzir ainda mais os espaços de seu partido. E este pode ser um preço alto demais para uma sigla que ainda merece respeito.
Em tempo: este post foi escrito antes da foto que Zero Hora publica na edição de hoje em que um alegre Beto Albuquerque aparece num convescote na casa de praia do ex-ministro de FHC, Francisco Turra, ao lado, entre outros, do indefectível José Otávio Germano. (Maneco)
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